Notícias de Lugar Nenhum
Até o próximo dia 23, está em cartaz no Itaú Cultural a exposição “Caos e Efeito”, resultado da união dos cinco curadores que melhor representam a arte contemporânea brasileira na década que atravessamos atualmente (2010 – 2020). A escolha por esses nomes se deu após minuciosa pesquisa realizada pelo Centro de Documentação e Referência (CDR) da instituição para buscar aqueles que mais realizaram exposições nos últimos dez anos.
A mostra é distribuída pelos três pisos do instituto com os temas: “As Ruas e as Bobagens”, sob curadoria de Moacir dos Anjos; “Projetar o Passado, Recuperar o Futuro”, de Tadeu Chiarelli; “Cavalo de Troia”, de Fernando Cochiarale; “Eu Como Eu”, de Lauro Cavalcanti e “Contra-pensamento Selvagem”, de Paulo Herkenhoff.
O saldo é de quase 160 obras e mais de 80 artistas. Porém, o destaque vai para uma obra em especial, intitulada “Notícias de Lugar Nenhum”, um painel formado por 40 óleos sobre tela, de Felipe Cama, que faz parte da curadoria de Tadeu Chiarelli.
Todas as imagens têm uma característica em comum: turistas registrando sua passagem pela Praça da Paz Celestial, em Pequim, na China. Cada um à sua maneira, mostrando esse ponto turístico por um ângulo diferente.
Mas o bacana dessa obra é que ela faz o caminho inverso: em vez de projetar apenas as imagens, Felipe Cama selecionou na internet fotos diversas de pessoas das mais diferentes partes do mundo e, a partir delas, pintou os quadros. Cada um expressa a maneira como cada pessoa registrou aquele momento.
O curioso dessa obra é que em meio a tantas imagens, foi possível identificar o personagem brasileiro, que no caso, é o próprio Felipe Cama. Projetando apenas seu rosto na direção da Praça da Paz, ele mesmo tira a foto, como se tornou tão comum nos retratos de hoje.
Pode-se dizer que o artista criou uma obra de arte de maneira diferente da “convencional”. Apesar de se utilizar do óleo sobre tela, o diferencial aqui é o conceito criado em torno da obra: a pesquisa de imagens na internet, todas com o mesmo tema, porém, com visões diferentes dele.
Felipe Cama é gaúcho, mas mora e trabalha em São Paulo. É formado em comunicação pela USP, com extensão em artes plásticas na Faap. Entre os últimos prêmios estão: Projeto Trajetórias, da Fundação Joaquim Nabuco, em 2010 e Programa de Exposições, do Centro Cultural São Paulo, em 2007.
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Este texto foi produzido como exercício do curso de Jornalismo Cultural do Senac
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