Tropa de Elite 2

Ao bater recordes e ultrapassar barreiras do cinema brasileiro, “Tropa 2” mostra que não está para brincadeira

Como não consegui assistir no cinema, vi ontem à tarde o tão comentado e tão assistido “Tropa de Elite 2”. A sequência daquele que já tinha sido um arrasa quarteirão, conquistando os espectadores, fazendo com que eles repetissem pelas ruas expressões que o caracterizavam, como: “Pede pra sair!” conseguiu ainda, sem dúvida, superar o primeiro.

E não foi só na história, que está muito mais elaborada e dá um grande cutucão nos governos do nosso país, mas também nos números, o que prova essa superação. Foram mais de 10 milhões de espectadores, com arrecadação de R$ 57 milhões, o que o torna a maior bilheteria do cinema brasileiro. Um orgulho.

Ainda em meio às favelas do Rio de Janeiro, com mortes e traficantes, a história agora aborda um outro ângulo, e envolve autoridades como o secretário de Segurança Pública e o governador. E mostra como muitas vezes algumas atitudes são tomadas em seus próprios benefícios, não pensando no que pode ser melhor para a população.

Uma grande crítica ou talvez um alerta para os governantes, e para nós, cidadãos. No início do filme uma frase diz: “Apesar da semelhança, trata-se de uma obra de ficção”, tamanho o comparativo que se faz à realidade que vivemos.

Capitão Nascimento agora é coronel, em seu lugar no comando do Bope está o aspirante Mathias, que de aspira não tem mais nada e mostra que aprendeu muito bem as lições ensinadas por seu antecessor.

Tudo começa quando durante uma verdadeira rebelião no presídio de segurança máxima Bangu 1 o Bope é acionado para tomar o controle da situação.

Capitão Mathias em ação pronto para dar o bote no líder dos presidiários (interpretado brilhantemente por Seu Jorge, diga-se de passagem), enquanto Nascimento, assistindo tudo pelas câmeras de segurança, dá as coordenadas.

Ao chegar um intelectual defensor dos direitos humanos, a situação começa a ficar sob controle, então, Mathias, que não está para brincadeira, dispara o primeiro tiro e dá início ao que eles chamam de carnificina e também à decadência do Bope.

Como consequência, ambos são punidos, mas depois de um tempo Nascimento passa a ser subsecretário de Segurança do Estado do Rio de Janeiro e acredita que nesta posição vai poder ajudar a fazer com que o sistema funcione efetivamente. Engano dele.

Como diz o título do longa, “o inimigo agora é outro”, mas Roberto Nascimento demora um pouco para perceber. Com seu jeito idealizador e acreditando em seu potencial para acabar com o tráfico e a vagabundagem na favela, só depois ele enxerga onde está seu maior problema.

Achei esse filme simplesmente sensacional, quebrando um pouco aquela história de que as sequências não são tão boas. Ao contrário, neste caso, o segundo superou, e muito, o primeiro. As cenas de ação e os tiroteios não deixam a desejar para nenhum filme americano.

Me chamou a atenção também a atuação do Seu Jorge. Nunca tinha visto nenhum trabalho dele como ator. Ele encarnou mesmo um bandidão “sangue nos olhos”. O Wagner Moura também dispensa comentários. O cara é muito bom. Ele entrou no personagem de corpo e alma mesmo. Sem palavras.

O fim do filme deixa aquela sensação de “já acabou?” “quero ver mais” e deixa implícita ou talvez até bem explícita uma mensagem sobre os problemas de segurança comuns em tantos estados. Um balde de água fria para nos fazer acordar e enxergar o que está acontecendo à nossa volta e tentar, cada um com seu poder, através da eleição de nossos representantes, reparar todas as nossas deficiências sociais, a começar pelos problemas de segurança pública que envolvem a mim, a você e a todos nós, cidadãos comuns.




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